Liberdade de expressão e redes sociais: quais são os limites?
Foto de Andrea Piacquadio no Pexels
O desenvolvimento das redes sociais, impulsionado pela tecnologia, maior facilidade no acesso à internet e a adesão massiva, certamente contribuiu para a democratização da informação e suas múltiplas utilidades. Um dos aspectos mais representativos nesse sentido é o acesso a um grande público, o que antes era permitido somente para as grandes mídias. Na atualidade, pessoas até então desconhecidas tornam-se fenômenos do dia para a noite, por motivos muitas vezes inusitados.
Há várias formas de alcançar maior visibilidade em um curto espaço de tempo e dentre elas nos deparamos frequentemente com conteúdos nem sempre úteis, mas que causam impacto por alguma razão e tornam-se “virais”. Por vezes, alguns recorrem a conteúdos polêmicos e que despertam os mais diversos sentimentos, resultando em indignação, contrariedade, oposição. Tais sentimentos provocam reações algumas vezes intensas e geram o que alguns desejam: audiência, interação e seguidores. Mas até que ponto a geração de conteúdos dessa natureza e as reações podem ser considerados aceitáveis?
Talvez uma das formas de avaliar o alcance do que produzimos ou da forma como reagimos em redes sociais seja o bom senso. De fato, muitos o possuem, mas nem todos e nem em todos os momentos. Então precisamos recorrer a outros critérios, tanto para avaliar os conteúdos produzidos por terceiros quanto o nosso próprio e nossas reações. Refletir sobre isso, encontrar formas de identificar tais conteúdos e suas intenções e reagir de forma adequada, pode contribuir para melhorar nossas relações com as redes sociais, com as pessoas e até mesmo projetar uma imagem de maior confiabilidade, competência e profissionalismo.
Provavelmente você já se decepcionou com alguma pessoa que você admira por alguma razão, ao ver essa pessoa agindo ou reagindo de uma forma impulsiva ou reprovável, contrariando muitas vezes os próprios princípios. Essa imagem provavelmente vai ficar marcada e afetará seu julgamento sobre determinada pessoa ou por extensão, até mesmo a organização que esta pessoa representa. Segue alguns pontos para reflexão:
Intencionalidade: ao se deparar com algum conteúdo, seja uma imagem, uma afirmação, um questionamento, uma opinião ou qualquer outro, pense que raramente ele será ingênuo. Há uma predominantemente uma intencionalidade e quando se trata de redes sociais, estará relacionado ao segundo parágrafo desse texto. Muitas vezes você pode morder a isca e responder de uma forma que provocará diversas reações, potencializando as polarizações e atendendo ao propósito central, que muitas vezes será atingir uma grande massa. Nesse caso, vamos ao tópico seguinte.
Formas de interação: quando a intenção de polarizar estiver alinhada com seu interesse, provavelmente você seguirá em frente. Mas talvez valha a pena pensar um pouco nos reflexos de sua interação e estruturar seu posicionamento. Uma interação impulsiva, predominantemente será desastrosa. Então vale a pena refletir e caso você se sinta confortável para falar sobre o assunto em questão, procure fazê-lo expressando conhecimento, domínio sobre o tema, de forma objetiva e construtiva. Como nem sempre é fácil fazer isso, segue uma dica no próximo tópico.
Tempo para reflexão: a inteligência emocional é amplamente apresentada em diversas discussões sobre o desempenho profissional, mas serve também, da mesma forma, para todos os setores da vida. A impulsividade vai na contramão de práticas para o desenvolvimento dessa forma de inteligência (sim, ela pode ser desenvolvida) e quanto mais sua indignação se apresenta maior é a necessidade de uma pausa para reflexão. Alguns grandes executivos são referência nesse sentido, ao fazerem uma pausa antes de responder a uma pergunta embaraçosa. Recentemente, vimos o presidente Biden fazer isso, em uma entrevista coletiva. E um dos aspectos a ser observado em qualquer forma de interação, para além do bom senso, é o que entendemos como liberdade de expressão.
Liberdade de expressão: O que aprendemos ao longo da vida nos permite compreender a direção e os limites éticos, morais e legais em nossa forma de expressão, mas a concepção sobre tais limites é amplamente variada. Por isso é importante termos esses limites bem claros. Quando discordamos de alguém e o fazemos sem ferir seus direitos, nos expressamos mais ou menos assim “eu compreendo seu ponto de vista, embora não concorde com ele”. Porém, quando extrapolamos, podemos discordar de alguém de forma ofensiva à sua reputação (difamação), acusando alguém de algo que não fez (calúnia) ou até mesmo ofendendo a honra de alguém (injúria).
Em suma, podemos concordar, discordar, opinar e estabelecer nosso posicionamento em qualquer setor da vida e até mesmo nas redes sociais. Mas é preciso compreender que se fizermos isso de forma adequada, teremos mais chances de sucesso, embora, infelizmente, nem sempre tenhamos reciprocidade.
Comentários
Postar um comentário